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In Pure Print Paper

In Pure Print Paper documenta o seminário Em torno da Obra de Marques Abreu, coordenado por Graciela Machado, Rui Vitorino Santos e Susana Lourenço Marques, em Maio 2016. Como publicação, foi concebido como jornal e complementa o portfólio In Pure Print Album, edição limitada em fotogravura (três exemplares) concluído nas oficinas de gravura da FBAUP em Agosto de 2016.

  • Edição
  • Graciela Machado, Rui Vitorino Santos
  • Ano
  • 2016
In Pure Print Pater

Não apagar a história

A gravura é em tudo excessiva. Para o tempo que não possuímos. Coloca-se então a questão: porque nela insistir? E que fronteiras? 1

Este editorial propõe rever como entendemos a gravura a pretexto da apresentação de um portfólio de espécimes gravados e impressos. Texto e fotogravuras, funcionam como um índice dos modos da gravura habitar um espaço académico situado nas Belas Artes. Texto e portfólio estão contaminados por uma forma de pensar a imagem a partir da gravura. Assim sendo, possam dar a conhecer a possibilidade de multiplicar ideias numa oficina em contexto académico através de um reconhecimento das declinações gráficas aí existentes. Sirvam para mostrar, a sensibilidade estética, ou a exigência de uma disciplina que nos permite percorrer os elementos mais ou menos obscuros associados à produção de imagem impressa. Logo, passar uma revisão não cronológica e não geográfica, e como é evidente, apontar para um espaço concreto – umas oficinas – e insistir na importância da experiência prática, partilhada aí, em primeira mão. Finalmente, como serve o sentido acumulativo do conhecimento tecnológico, a permanência de uma condição experimental na prática artística.

 

Contexto Pure Print

É necessário recuar um pouco. O portfólio é uma publicação com origem no encontro Pure Print, e concluiu-se em  Agosto de 2016. O in Pure Print, encontro internacional de gravura na sua terceira edição, surgiu, de novo, propondo uma programação ao longo de dois semestres e segundo o princípio: como tornar a investigação em curso um espaço de imersão e criação? Para esta edição, a gravura afirma-se na ironia de sua impureza, e da velocidade da leitura usa do título em inglês – In Pure Print – para revelar a palavra impure. O recurso à preposição in sugere o mergulhar no que deveria ser puro. E sim, o encontro aponta para isso mesmo: como usar os meios puramente mecânicos da reprodução, e trair, isto é, interpretar de modo subordinado a propósitos artísticos uma origem fotomecânica? Como é que os meios mecanizados e fotomecânicos ajudam a explicar o que é afinal a gravura? E é precisamente segundo o entendimento da tradição da gravura, que usa da tradução e da intermedialidade para encontrar uma linguagem própria e a entende pelo fazer, que tudo se centra. Neste caso, não se respeita a transposição literal do original mas antes testa-se a sua capacidade de construção e pensamento próprio. Logo, acrescenta-se um segundo princípio: usar as reservas de uma cidade do Porto. E certamente não é uma casualidade pensar nos efeitos de uma leitura a partir destas margens. Verificar em tais espaços de prospecção, o que ainda resiste.

Trecho retirado do editorial de In Pure Print Paper
Graciela Machado e Rui Vitorino Santos
Agosto 2016

 

1. O passado da gravura expõe uma condição intrínseca de intermedialidade por trilhar. Contém dados por analisar, encerrados em coleções privadas, revistas ilustradas e um pouco por toda a cidade. Em contexto académico, e nesse outro espaço fundamental, as oficinas, equaciona-se um património tecnológico e documental e como o tornar suporte à experimentação tecnológica das artes impressas.