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Neste número, Max Fernandes produz um texto a partir do seu filme-ensaio Narciso de Todas as Espécies, enfatizando variações na função da leitura, sublinhando a relação entre document-ação enquanto artefato e a imagin-ação artística como critério não-fatual.
O volume Artistic Research Does tem por meta editorial expandir a contribuição da investigação e educação em arte em Portugal. A partir das problemáticas que circunscrevem a investigação perante, sobre, tão, sem, segundo, por, para, face a, rumo a, de, contra, com, enquadrada, sob, adiante, em arte (para usar aqui a extensa e incompleta definição da tarefa artística proposta por Juan Luis Moraza no #4 de Artistic Research Does), os primeiros números deste volume procuraram dar conta de distintas linhas de pensamento sobre o que se entende por investigação em arte.
A seleção das primeiras contribuições de Artistic Research Does tinha um claro objetivo didático: revelar a complexidade inerente a este território do conhecimento, a coexistência de epistemologias divergentes, e oferecer breves apontamentos da história da relação investigação artística/conhecimento e o impacto desse namoro, quer no campo da produção artística, quer no da produção intelectual.
Com o #5 de Artistic Research Does dá-se início a um novo impulso editorial. Focando a investigação em arte como um procedimento do fazer – does – convidamos praticantes em diferentes realidades da arte a documentarem como o seu procedimento artístico se entende (e estende) como forma de investigação. As diferentes relações entre o material e o intelectual, o projeto/conceito artístico como gerador de uma epistemologia singular, a investigação artística enquanto organização e conteúdo de conhecimento, a arte enquanto território sem geografia, são algumas das linhas de pensamento que ocuparão os próximos números.
No #5 de Artistic Research Does, Max Fernandes experimenta o formato textual como possibilidade para ‘documentar’ a sua investigação artística. O que é um tanto paradoxal – e talvez até conservador – já que a grande parte da sua arte explora os canais de escrita documental do vídeo, do vídeo-performance e do vídeo-ensaio como aproximação à complexidade de passar a vida a imagem. Neste número, Max Fernandes produz um texto a partir do seu filme-ensaio Narciso de Todas as Espécies, enfatizando variações na função da leitura, sublinhando a relação entre document-ação enquanto artefato e a imagin-ação artística como critério não-fatual.
O filme Narciso de Todas as Espécies funciona como mediador entre relações contextuais específicas e relações inerentes à construção da imagem. O texto que Max Fernandes escreveu a partir dele duplica essa mediação, mas a ordem da leitura não mais parece relevante, apenas a sensação de que muito escapa à tentativa de discorrer – de dizer a correr – a vida do atelier-espaço expositivo O Sol Aceita A Pele Para Ficar, daqueles que nela participaram e o episódio da expropriação e posterior demolição do mesmo, confrontando-nos com os limites de quanta vida fica fora da imagem e quanto da vida apenas é imagem.
Como citar:
Almeida, C. & Alves, A. (Eds.) (2018). Max Fernandes. Narcissus of All Species | Narciso de todas as espécies (texto a partir do filme). Artistic research does, (5). https://doi.org/10.24840/978-989-54111-3-9
Artistic Research Does is a series of individual takes published on the topic of artistic research, yet anti-ologically designed. It consists of a number of short authored submissions, conceived under investigation and for the occasion, published in the individual booklets, once a month and bilingual-ly (PT/ENG). Since the editors are not native English speakers and thus are unable to provide professional translations, every and each of their efforts to adapt text will be signed at the end so that the interpretative contingency is kept in mind.