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PSIAX — Edição Especial

Esse número especial enfatiza a necessidade de continuar o processo de reflexão, de desenhar, inquirir o ato, expressar, discutir, mostrar ou demonstrar, que não se esgotou durante o evento ou com a publicação eletrónica do livro das comunicações.

PSIAX — Edição especial

Editorial

A PSIAX, numa edição especial, procura cumprir a sua missão de reflexão sobre o desenho e a imagem levando a termo a intenção de publicação de trabalhos relevantes associados ao evento Desenho na Universidade Hoje realizado em 2013. Quatro anos volvidos sente-se o esmorecimento do afã que na altura motivou a realização na Faculdade de Belas Artes do Porto e Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto de um encontro internacional sobre desenho, imagem e investigação organizado por Paulo Luís Almeida, Miguel Bandeira Duarte e José Manuel Teixeira. As circunstâncias que motivaram o encontro, além de uma conjuntura nacional e internacional dinâmica propiciadora para a apresentação de comunicações, refletiam os cursos de doutoramento nas Escolas de Belas Artes, o arranque dos centros de investigação em artes e o dinamismo imposto pela produção de dissertações de mestrado. O presente número enfatiza a necessidade de continuar o processo de reflexão, de desenhar, inquirir o ato, expressar, discutir, mostrar ou demonstrar, que não se esgotou durante o evento ou com a publicação eletrónica do livro das comunicações.

Os editores, em colaboração com a organização do evento, propõem neste número uma seleção de comunicações relevantes. Assume-se, tal como então, a necessidade de alcançar um público internacional apresentando-se os textos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Os textos são apresentados segundo as temáticas dos painéis no programa do encontro, confirmando a pertinência das questões na sua apresentação: que existe uma iconografia do texto científico com uma imaginação muito própria; que o desenho participa largamente nas metodologias de investigação bem como na atividade projectual; que emergem idioletos do discurso gráfico; que o desenho estuda e é um caso de estudo constituindo um modelo educativo no contexto universitário.

Em lugar da breve apresentação dos textos inscritos, nomeamos a estimulante divisão programática com a intenção de despertar a perceção para a amplitude de tópicos enunciados com elevada clareza: Enhancing Education Through Drawing; Visual Imagery and Scientific Practice; Creativity, Cognition and Active Perception; Thinking Drawing in Research; Modes of Conception: Reports on Practice; e Acting Through Drawing. Reúnem, numa inevitável interação — citando o texto de abertura da edição eletrónica: a observação do desenho como instrumento metodológico, estratégico, capaz de produzir resultados alternativos, inusitados e inovadores; a análise da produção e uso de desenhos no contexto de trabalho de cariz científico; a relação entre processos científicos e de criatividade na promoção da descoberta e de novos paradigmas do conhecimento; a sua relação com os processos de interdisciplinaridade emergentes; a descrição da prática em estúdio, focando a relação da invenção com diversos processos do conhecimento; e a tensa relação entre o desenho e as práticas performativas, na qual o desenho é registo, instrumento e instrução.

Como citar:

Bismarck, M., Silva, V., Duarte, M., Lopes, J. M., Barbosa, J. M., & Almeida, P. L. (Eds.). PSIAX - Edição Especial. FBAUP/i2ADS, FAUP, EAUM. https://doi.org/10.24840/1647-8045_2017

Sobre PSIAX

Porquê Psiax? Psiax é o nome de um dos pintores de vasos gregos que terão introduzido a grande mudança do desenho com a técnica das figuras vermelhas no início do século V a.C. Este é um dos mais notáveis aspectos da arte do desenho e da sua adaptação a uma necessidade tecnológica, empresarial, ritual e social, num dos períodos mais relevantes da cultura grega.

Se nos servirmos de uma analogia com a vida de Psiax na Grécia Clássica, e vivêssemos num período de figuras pretas, como se nos colocaria o quadro de inovação na representação da imagem nos artefactos que utilizamos dominantemente ou que poderão vir a ser utilizados? Ao ser produzido por meios digitais ou manuais, o que se inova e constrói? Como é que se acede a essas imagens? O que as caracteriza e como é que a representação ganha aspectos inovadores ou qualificadores da experiência artística?

A orientação editorial pretende promover e divulgar estudos sobre o papel que o desenho poderá desempenhar no nosso tempo, quer ele se concretize como processo de compreender o mundo, quer como meio de aprendizagem e ensino, ou como elemento caracterizador essencial dos objectos artísticos já existentes ou a criar.

Pretendemos dar a conhecer estudos sobre o desenho como imagem considerando que o desenho como arte plástica, manual ou digital, além de se constituir por um conjunto de elementos típicos e próprios da sua específica condição material, é, acima de tudo, uma imagem que ocupa lugares no universo infinito de outras imagens materiais, foto-químicas e electrónicas que hoje nos envolvem.

Importa ligar o passado do desenho - autores, modalidades, temas, tendências, escolas - com as urgências e o sentido de progresso e de ideologia, com as hipóteses que se levantam, com as necessidades que vão da sobrevivência ao sonho, recuperando a memória longínqua do desenho e conduzindo-a para uma actualidade em que se exigem novos entendimentos de uma arte básica do ser-se humano.

Interessa a publicação de estudos monográficos, analíticos, doutrinais, programáticos, metodológicos e críticos desde que se estabeleça, em qualquer dos âmbitos, uma relação entre o passado e o presente. Isto é, interessa colocar as diversas perspectivas em debate, em sintonia, em confronto, em paralelo, em analogia com os problemas, os esforços, as realidades, as obras e as teorias do nosso tempo, quer no domínio da pedagogia, da teoria e prática do desenho, quer no campo da expressão artística.

A Psiax integra uma chamada internacional de participações e revisão cega por pares. Adotando práticas que visam ampliar os contributos e sua consequente disseminação, reforçando a confiança científica e artística dos conteúdos apresentados, contribuindo para a qualidade da investigação realizada nestes domínios de conhecimento.