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A presente publicação pretende arquivar e divulgar o resultado de um conjunto de ações que se realizaram na e a partir da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em torno de um evento transversal que designámos de forma genérica como seminário Modos de Editar.
A presente publicação pretende arquivar e divulgar o resultado de um conjunto de ações que se realizaram na e a partir da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em torno de um evento transversal que designámos de forma genérica como seminário Modos de Editar. O que apresentamos resulta de uma visão plural e partilha coletiva onde confluíram investigadores, docentes, estudantes, profissionais, artistas e público em geral de dentro e fora da FBAUP e UP, com um interesse académico e artístico comum pelos procedimentos tecnológicos da reprodução da imagem. Estes são entendidos aqui como aproximação, representação ou meio de comunicação do tangível ou do intangível, mas também como modo de produção de conteúdos polissémicos onde confluem, cruzam e reativam diferentes possibilidades técnicas, históricas e sociais, em experiências que nos permitem experienciar os procedimentos inscritos do seu passado e alargar as suas possibilidades futuras.
O editar e o reproduzir embora ações distintas confluem ao longo destas 5 edições do Modos de Editar no perspetivar e reativar de processos criativos aplicados, quer seja no design, na edição e publicação ou na prática artística. Reproduzir, porque foi nossa intenção que seminário e agora esta publicação explorassem os territórios de criação, reprodutibilidade e disseminação da imagem. Para tal, demos especial atenção a diferentes discursos, que encontraram nas diferentes ações desenvolvidas em cada seminário o seu espaço de reconstrução, reflexão, diálogo e disseminação. Com os workshops, demonstrações ou residências interessou-nos explorar as possibilidades técnicas e artísticas que os recursos tecnológicos, mesmo quando obsoletos ou anacrónicos à contemporaneidade, nos podem oferecer, nomeadamente pelas suas qualidades formais, estéticas e conceptuais na reprodução da imagem. O reativar destas tecnologias e o seu comprometimento com os territórios difusos da imagem impressa, veio reacender o modo como se pretende ainda reequacionar as suas funções e propor uma utilização futura pela comunidade da FBAUP. Em simultâneo, atribui-se um papel ativo às áreas oficinais para acolher, estimular e indicar como pode esta apropriação ocorrer, para lá do período mais ativo das atividades organizadas. Em todo o caso, estas ações, do seminário ao livro arquivo que agora se propõe, concorrem para uma compreensão mais informada das dinâmicas históricas que assistem à reprodução da imagem.
No decurso assume-se um protagonismo para a prática — para as operações, para os meios concretos, para as intenções feitas matéria, para as ferramentas, para os especialistas, para a documentação — e explicita-se como que é a reativação que determina o que afinal desse passado observar e editar para o presente. Ensaiam-se ciclos de atuação cujo ponto de partida pode ser um material, um espécime na coleção, um livro em arquivo, uma estampa produzida, um portfólio aberto, uma ferramenta recriada, e vários indícios de ações, do conhecimento e experiência de edição representado por cada protagonista exterior à instituição convidado a vir partilhar e participar do espaço oficinal. Com eles pode-se pensar, investigar e praticar a edição e a publicação nos seus diferentes contextos segundo um cenário mais completo e acelerado pelo trilho da vontade e da curiosidade. Pode aí o praticante oscilar e inscrever o seu pensamento artístico, entre o passado e o presente, e desfrutar de uma visibilidade processual exposta nos artefactos observados ou criados. E em tudo o que se apresenta.
Importa ainda reter e insistir, este livro documenta como se procura a transversalidade: pelas interações e participação ativa de diversos tipos de intervenientes, dos seus discursos, nos termos exatos em que são pronunciados ou elaborados; como se ensaia um contexto de prática pretérito, em parte inacessível, seguindo uma vontade de preservar, reativar e disponibilizar em contexto académico, tecnologias e processos de impressão e disseminação da imagem. Neste exercício concorrem processos investigativos de maior complexidade, como é o caso da dedicação à reconstrução de uma oficina de gravura a topo, nas suas ferramentas, saber, história e arquivos de matrizes para usufruto futuro. Ou o tópico mais recente de voltar a colocar na equação o uso do papel heliográfico como ferramentas de edição e para tal deixar um testemunho documental em como outra vez operacionalizar esta prática de cópia e edição: num manual.
A modalidade de seminário desenha-se assim como basilar no pensamento e conceção de cada edição do Modos de Editar, na forma como estrutura todas as ações, propõe convidados ou entidades parceiras, na definição de temáticas oportunas a determinado momento. Através dele, induz-se a partilha de investigação artística e académica intuída. É o espaço e o momento onde culmina o trabalho de meses, e se apresentam intervenientes cujos projetos de investigação nos situam e estimulam em diferentes contextos de atuação. É aí que se ante abre a porta para o que uma determinada tecnologia de produção e reprodução de imagem acionou num projeto editorial. Pode mesmo ser aí o espaço onde se monta uma oficina de improviso e se aborda como segurar numa ferramenta na mão.
Ao longo destes 5 anos privilegiamos um conjunto de iniciativas reconduzidas a este artefacto editorial, e que agora torna visível a estrutura do Modos de Editar que desde a sua génese contempla o formato de seminário, exposição e workshop em combinação com outras abordagens, tais como:
Graciela Machado e Rui Vitorino Santos
(Trecho retirado do Editorial de Modos de Editar: Arquivo em Aberto)