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Juan Luis Moraza oferece uma actualização literária do termo latim sapere (que significaria tanto saber como sabor), articulando o conhecimento enquanto processo intrinsecamente definido por uma sensualidade material e conceptual.
A arte, diz-nos Juan Luis Moraza, é a forma de conhecimento que menos evitou a articulação da capacidade de conhecer, de provar e de apreciar. Recorrendo à construção conceptual saboer em vez de saber, Moraza oferece uma actualização literária do termo latim sapere (que significaria tanto saber como sabor), articulando o conhecimento enquanto processo intrinsecamente definido por uma sensualidade material e conceptual. Esta relação com a recursividade subjectiva (e a sua defesa) será talvez a mais significativa particularidade da investigação em arte face a um modelo de ciência (naturais).
A distinção entre ambos territórios nem é tanto definida pelo facto da arte não operar com base num regime de verificação e refutabilidade, mas por uma condição plástica, moldável, orientada para a realização do saboer. Por isso, a definição de separações e divisões de variáveis que definem o carácter (a epistemologia) da ciência (depois, sobre, sob, sem, de acordo com, por, para, até, face a, desde, a partir de, contra, com, junto a, debaixo, antes, em…), são tidas pela práctica de investigação em arte enquanto apêndices (notas) de um processo de apurado contacto. Mais do que um situar da investigação artística em relação a modelos de ciência, este texto de Moraza é uma defesa da abertura da arte. A arte practicada enquanto saboer, pode ser entendida enquanto um processo háptico ([gr.] haptikós – ἅπτω), enquanto expressão da capacidade de entrar em contacto com. É esta recursividade subjectiva de ter tacto (de com‑tacto), que faz da arte um exercício de permanentes recuperações, um processo em que (de acordo com Moraza) cada nova representação é transformada pela percepção adquirida no seu processo de elaboração.
Como citar:
Almeida, C. & Alves, A. (Eds.) (2018). Juan Luis Moraza. Contributions of research (after, on, under, without, according to, by, for, until, toward, since, from, against, with, next to, below, before, in) art. Notes on knowledge | Aporías de la investigación (tras, sobre, so, sin, según, por, para, hasta, desde, de, contra, con, cabe, bajo, ante, en) arte. Notas sobre el saber. Artistic research does, (4). https://doi.org/10.24840/978-989-99839-4-6
Artistic Research Does is a series of individual takes published on the topic of artistic research, yet anti-ologically designed. It consists of a number of short authored submissions, conceived under investigation and for the occasion, published in the individual booklets, once a month and bilingual-ly (PT/ENG). Since the editors are not native English speakers and thus are unable to provide professional translations, every and each of their efforts to adapt text will be signed at the end so that the interpretative contingency is kept in mind.