A exposição A Memória da Mão, de Efraín Almeida (Ceará, Brasil, 1964), patente na Galeria MCO, no Porto, resulta da sua mais recente Residência Artística no Espaço Maus Hábitos, no Porto, organizada pela Associação Saco Azul, em 2017. O artista “com mãos de fada” mantém um relacionamento constante com o Porto desde os anos 1990.
A minúcia e o detalhe que caracterizam os seus objetos escultóricos de escala reduzida, e até mesmo os seus desenhos, carregam um universo simbólico relativo a tudo o que faz e aos lugares por onde passa. Segundo Efraín, numa das conversas que tivemos, “estou contando a minha história à minha maneira” com um sentido positivo, lúdico ou poético e também com a presença constante de “uma camada trágica e perversa”.
A simplicidade e minúcia dos objetos que realiza apela à proximidade, ao conctato com o detalhe e singularidades, o que muitas vezes é complementado por um lado satírico ou irónico, mais ou menos visível, mais ou menos denunciado. Tratam-se de fragmentos de uma experiência vivencial, da sua observação atenta, de representações poéticas dessas diversas realidades e de um intenso trabalho sobre o que sugerem.
Comentadoras: Rute Rosas e Sofia Ponte
Extra Comentador Convidado: Daniel Pires (Maus Hábitos e Associação Saco Azul)
Convidados
Efraín Almeida (Ceará, Brasil, 1964)
Escultor sediado no Rio de Janeiro. A sua obra baseia-se na apropriação do imaginário e da religiosidade popular. Interessado pelos fenómenos da fé, Almeida regista nos seus trabalhos as marcas físicas que certos tipos de religiosidade deixam no corpo humano. A utilização de entalhes de artesãos populares e de ex‐votos são um traço comum na sua obra, que lhes dá uma conotação levemente subversiva e os desloca de seu contexto original. São peças que evocam a harmonia do popular e o erudito, o instintivo e o calculado, o simples e o sofisticado. Entre as exposições em que participou destacam-se Infância Perversa, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna, Salvador (1995); a exposição individual no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela (2001) e na Bienal Internacional de Buenos Aires, em 2002.
Daniel Ramos Pires (Porto, 1970)
Fotógrafo de moda, programador e produtor cultural nas áreas das artes plásticas, fotografia, música, teatro, artes performativas e dança Licenciado em Fotografia pela Escola Superior Artística do Porto (1996), realizou o Mestrado em Design da Imagem na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2012). Em 2001 dá origem ao Espaço de Intervenção Cultural Maus Hábitos e em 2002 funda a associação Cultural Saco Azul, entidade financiada pela Dgartes entre 2008 até 2017, integrando num projeto cultural multidisciplinar os artistas que circulam pelo Maus Hábitos.. Participa na Guimarães Capital da Cultura 2012 com a programação do projeto “ON OFF – Laboratório de Criatividade Urbana”. Em 2014, é eleito para a direção do Coliseu do Porto, pela associação Amigos do Coliseu, integrando uma equipa de 5 diretores. É ainda membro da direção da ADDICT – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas juntamente com a Fundação de Serralves, a Casa da Música, a RTP; a SRU; o INTER RISCO – BPI e Centro Cultural Vila Flor.
Organização
Encontro organizado por investigadores do i2ADS que acolhe artistas, especialistas e outros profissionais da cultura para debater metodologias de pesquisa e de práticas artísticas e expositivas numa intersecção da arte com a sociedade. Esta sessão comentada pretende contribuir para o fortalecimento de um fórum público de debate de ideias avançadas como resposta directa aos desenvolvimentos e necessidades específicas da investigação em arte. Este encontro não é apenas uma conversa mas um momento privilegiado de troca de ideias entre pares.