O 1º Simpósio de Granito de Mondim de Basto foi projetado envolvendo uma relação em “campo expandido” com a matéria granito e com o ambiente de trabalho, normalmente intitulado de Simpósio. Neste rumo, o modelo adoptado premiou a heterogeneidade dos participantes, partindo do envolver estudantes de diversos cursos e ciclos da FBAUP, num grupo a estabilizar e a conduzir ao funcionamento de gabinete de projecto, tirando partido das diferentes formações, idiossincrasias e competências pessoais, de cada um. Foi desejado explorar o trabalho em grupo, por si, mas também, enquanto promotor de desenvolvimento de melhores capacidades de enquadramento, gestão e comunicação das ideias e acções individuais.
O modelo adoptado premiou, também, a exposição do grupo de trabalho a uma relação direta com Mondim de Basto, de onde se sintetizaram os projectos a fazer acontecer, numa estreita ligação com os parceiros institucionais e, em contacto e visibilidade, com a comunidade local, a qual receberá os resultados da sua criação. Nesse propósito foram agendados três momentos de aproximação a Mondim, nomeados de residências. 1ª de recolha de informação; 2ª de formalização de projectos; 3ª de produção. Fora estes momentos de deslocação, as instalações da FBAUP são a sede onde o grupo estabelece gabinete de projecto, com apoio de oficinas, para desenvolver as acções necessárias para a boa persecução dos projectos de criação e sua comunicação.
O carácter dos projectos que o grupo desenvolveu, no âmbito do Simpósio, não foi pré-determinado. Ficaram dependentes da identidade que o colectivo criou e, perante as condições em que a realidade e cultura local lhes foram apresentadas, assimiladas e compreendidas pelos membros do grupo de trabalho.
A ideia de serviço subjacente ao fomentar deste tipo de eventos, por parte das Instituições, quase sempre requer uma visibilidade inerente aos resultados. Muitas vezes esta, quando ligada às Artes Plásticas – Escultura, é ambicionada em conjunto com perenidade e marcas no espaço público. Compreendendo e respeitando a ideia de serviço, este modelo de Simpósio propôs relacionar diretamente representantes dos poderes instituídos, político, social, económico e das áreas criativas, na procura de melhor compreensão dos seus papéis, na definição do que é público e dos termos de serviço.
Foi ambição abrir a possibilidade de desenvolvimento de outras marcas, dando espaço a fazer acontecer expressões criativas contemporâneas, dependentes de outros modelos de atuação e relação com a comunidade local e o público em geral. Bem como, dar espaço para as marcas da natural evolução, redefinição e formação dos novos criativos.
A questão fulcral deste modelo, efetivamente, coloca-se ao nível do tempo:
– Tempo de partilha e de implicação de todos, numa leitura da realidade cultural que servirá de motor para a criação;
– Tempo de proposição, desenvolvimento e produção da criação, de modo reflectido, criticado, porque partilhado e implicado na relação de respeito mútuo e entendimento pela liberdade e diferença de todos e, do papel de cada um, na definição da coisa comum.
Nesse tempo que reclamamos para a nossa criação, dentro do âmbito deste Simpósio, organizamos a nossa tarefa por linhas de atuação. Estas permitiram esclarecer melhor os focos de trabalho e concentrar os esforços colectivos e individuais no atingir objectivos. Deste modo ficaram determinadas 6 linhas de atuação que intitulamos de:
1ª – Mondim Capital – capital enquanto sede de todas as acções político económicas, sócio culturais, de gestão, projetação de futuros, relação com pares nacionais e internacionais do Concelho / Município.
– Objectivo: projectar para espaço público, da Vila de Mondim, envolvendo fisicamente o Granito Amarelo, marcas claras do nosso processo de criação [vivência, conhecimento, interpretação da realidade Mondinense e reconhecimento dos objectivos da CMMB no apoio a este Simpósio (questão de cumprir / interpretar um serviço pedido];
2ª – Mondim Apiário – são oito as abelhas na bandeira do Município. Independente da atual e futura gestão político administrativa do território, não devemos nós atuar, subalternizando ou evidenciando Mondinenses, uns de outros. Isso já será, cumprir / interpretar o serviço de uma maneira especifica.
– Objectivo: projectar em escala média pequena, envolvendo fisicamente o Granito Amarelo, marcas claras do nosso processo de criação, que possam criar discursos de relação, de conjunto, de dependência entre elas [Pensamos neles e como nos incluir na sua realidade. Repare-se que estamos no Simpósio pelo Granito, mas sabemos que o Município tem outra diversidade, outras realidades, que interessam, também por ele, alavancar;
3ª – Mondim Basto [pessoas, granito e paisagem] – a nossa vivência, conhecimento, interpretação da realidade Mondinense e reconhecimento dos objectivos da CMMB no apoio a este Simpósio, levou-nos, desde os primeiros momentos, a idealizar muitas acções com envolvimento de três elementos: pessoas, paisagem e granito. Questões ligadas a reflorestação, paisagem e industria de extração de pedra, perspectivadas pela presença do pinheiro-bravo e a resinagem, as feridas na paisagem, provocadas pelas pedreiras desativadas e, os sentimentos das pessoas, extremadamente duais, em relação à condição do Concelho e realidade sócio cultural criada, marcaram fortemente o grupo de participantes do Simpósio. Neste sentido, urge expressar uma consciência colectiva e provocar a comunidade local de modo a estabelecer uma outra relação de pertença, um outro nível de acção, visando implicação e auto-estima.
– Objectivo: projectar com implicações em diversas escalas, de proximidade e distância, envolvendo fisicamente o Granito Amarelo, marcas claras do nosso processo de criação, que possam criar discursos de acção sobre o território [estes projectos terão um carácter de envolvimento social];
4ª – Mondim Autoral – reafirma-se aqui o espaço para que, dentro de um grupo tão heterogéneo, se expressem as idiossincrasias de cada um, individualmente.
– Objectivo: projectar em qualquer escala, por qualquer meio e expressão artística, envolvendo reflexão sobre Granito Amarelo, marcas do processo de criação pessoal, explorando a individual vivência, conhecimento e interpretação da realidade Mondinense.
5ª – Mondim Mirins e Vetustos – programação de acções a desenvolver com infantários e escolas, com centros de dia e lares de terceira idade
– Objectivo: dar continuidade às acções já realizadas Junto às instituições, no sentido de as levar a outras no Concelho, de modo programado e integrado num projecto, com resultados artísticos objectivos, que nos permitam trabalhar em continuidade com a comunidade de Mondim, dando outra densidade à memória colectiva, às visões de futuro e à auto estima;
6ª – Comunicação de Informação – pretende estabelecer a necessidade primordial de arquivar a informação recolhida e permitir-lhe acesso facilitado, aos membros do grupo e ao público em geral.
– Objectivo: criar plataforma de comunicação colectiva, quer da informação individual, quer da coligida em terreno, no âmbito do Simpósio. Local onde se possam criar perfiz de participantes, apresentação da organização do Simpósio, arquivo de informação, textos de reflexão, projectos, referencias, etc.
O 1º Simpósio de Granito de Mondim de Basto, teve a primeira residência, para recolha de informação, entre 23 a 30 de Junho. Segunda Residência de formalização de projectos, que decorreu de 26 a 28 de Julho e, terá terceira residência, de 8 a 15 de Setembro, para a produção de projectos.
Coordenação
Norberto Jorge (i2ADS/FBAUP)
Rui Ferro (i2ADS/FBAUP)
Estudantes da FBAUP participantes
Álvaro Oliveira (recém licenciado em Artes Plásticas – Escultura)
Maria Guimarães (recém licenciada em Artes Plásticas – Escultura)
Miguel Teodoro (recém licenciado em Artes Plásticas – Escultura)
Rodrigo Machado (recém licenciado em Artes Plásticas – Escultura)
Rui Valina Mota (recém licenciado em Artes Plásticas – Escultura)
Cláudia Campos (4º ano Licenciatura em Artes Plásticas – Pintura)
Gustavo Romeiro (Mestrado de Arte e Design para o Espaço Público)
Inês Pereira Mesquita (4º ano Licenciatura em Artes Plásticas – Multimédia)
Rita Castro Rodrigues (3º ano Licenciatura em Artes Plásticas – Escultura)
Produção de imagem de comunicação
Mariana Carvalho (4º ano Licenciatura em Design de Comunicação)