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Não Visite a Exposição

O Centro Comercial de Cedofeita, no coração do Porto, acolhe com entusiasmo a obra instigante e provocativa de Oscar Malta, um artista e pesquisador cujo trabalho dialoga com a história e a memória.

  • 6 Janeiro 2024 —
  • 6 Fevereiro 2024
  • Lote 67, Centro Comercial de Cedofeita, Porto

Sobre o artista:
Oscar Malta, Doutorando e investigador do i2ADS. Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, especialista em montagem e pós-produção pelo L’INA (Institut National de L’ Audiovisuel, Paris /FR), é também realizador/produtor do PLAY REC Festival Internacional de Videodança do Recife. Malta realizou exposições e mostras em diversos países, principalmente Grécia, Portugal, França e Brasil. Seus trabalhos trans_abordam questões vinculadas às interações com o Mundo, quase como uma autoetnografia organica.. As reflexões sobre colonialidade atravessam a produção deste investigador/artista. Em 2023 ele foi o artista convidado na exposição “Ponto de não retorno” no Instituto Ricardo Brennand, além de participar recentemente das exposições coletivas “When Activity Becomes Art 2 – Diálogo”, na Casa-Museu Abel Salazar/Porto, e “When Activity Becomes Art”, na Casa das Artes/Porto. Alguns de seus filmes renderam premiações, como “Aminióptico”, “Quando a maré encher” e “Vida de artista”.

A exposição:
A série de instalações “Não Visite a Exposição” é uma reflexão cuidadosa sobre a Exposição Colonial do Porto de 1934, que, por sua vez, foi influenciada pela Exposição de Paris em 1931. Inspirado pelo movimento surrealista liderado por Breton, que, em 1931, em reação à abertura da Exposição Colonial Internacional de Vincennes, denunciou a política imperialista da França com a exposição “Ne visitez pas l’exposition coloniale”, Oscar Malta extrai sua narrativa a partir de uma extensa investigação nos arquivos imagéticos da exposição colonial portuense de 1934. Em sua investigação performativa, destaca-se a interconexão significativa entre o manuseio de “arquivos” e a resistência aos “memoricídios”. Inspirado pelo pensamento insular de Édouard Glissant e sua “Poética da Relação”, o trabalho de Oscar Malta enfatiza o direito à opacidade como uma ferramenta essencial para preservar a diversidade de perspectivas e vozes. Estes conceitos revelam-se de maneira impactante na prática artística de Malta. Sua abordagem ao arquivo fotográfico de Domingos Alvão, realizado durante a Exposição Colonial do Porto em 1934, transcende a mera preservação de documentos, transformando-se em um ato performático que desafia narrativas hegemônicas, confronta o apagamento histórico e promove uma reflexão profunda sobre a complexidade das relações entre arquivivos e memoricídios.

O trabalho:
A obra de Malta, é meticulosamente construída como um filme instalado na “vidraça” do Lote 67. Uma experiência multifacetada que questiona não apenas a exposição em si, mas também o próprio espaço expositivo. O artista desafia o espectador a questionar, refletir e imergir nas camadas complexas dessa narrativa, recriando e reimaginando a história através de seu olhar singular. Oscar Malta, em sua prática artística, sustenta uma perspectiva provocativa ao rejeitar a ideia de pós-colonialidade, defendendo, em seu lugar, a existência de um “continuum colonial”. Esta abordagem reflexiva transcende o período histórico convencionalmente definido como pós-colonial, evidenciando que as relações de poder e influência colonial persistem de maneiras sutis e muitas vezes imperceptíveis nos dias atuais. Malta aponta para exemplos contemporâneos, como a França ainda emitindo moeda para países africanos ou Portugal mantendo territórios como Madeira e Açores, inspirados nos princípios do Common Wealth. Ao desafiar a narrativa de um pós-colonialismo supostamente inventado, Malta convida a uma reflexão crítica sobre as complexidades persistentes das relações coloniais e suas ramificações no presente. Sua obra torna-se, assim, um ponto de partida para questionamentos profundos sobre a natureza contínua do colonialismo e suas implicações no mundo contemporâneo.

#nãovisiteaesposição
Venha participar de uma experiência artística única, onde o passado e o presente se entrelaçam, e o espaço expositivo torna-se um palco para reflexões profundas.”Não Visite a Exposição” convida você a explorar e questionar as relações entre opacidade e transparência.

A exposição estará aberta para visitação de segunda a sábado, das 10h às 20h, de 6 de janeiro a 6 de fevereiro de 2024.