livro

Couzas e Pilhas

As referências pelas quais apreendemos o espaço e consequentemente como desejamos dialogar com ele reflete as questões tratadas a começar na atenção dada ao uso das terminologias da ciência para discutir um trabalho artístico e sua aplicação à escrita do texto.

Couzas e Pilhas

Advertência

Não se trata de uma introdução comum, posto que é uma advertência sobre a forma de construção desse livro. Também é importante ressaltar a opção por utilizar fontes abertas à consulta pública e de acesso livre tanto para algumas imagens, como para certas citações. Grande parte das imagens presentes nessa edição foram realizadas na captação dos processos de pensamento e construção dos materiais1.

As referências pelas quais apreendemos o espaço e consequentemente como desejamos dialogar com ele reflete as questões tratadas a começar na atenção dada ao uso das terminologias da ciência para discutir um trabalho artístico2 e sua aplicação à escrita do texto.

A expressão “in situ” estabelece uma relação na produção contemporânea ao determinar uma amplificação do espaço e do locus de operacionalização para o trabalho e a pesquisa artística.

No conceito “in situ” reside a ideia de lugar como espaço vivido segundo uma possibilidade humanista na qual espaço e lugar fundem-se e diferenciam-se “apenas por um continuum, assim ‘quando o espaço nos é familiar, torna-se lugar’’’4. Essa familiaridade é composta por relações individuais e sociais5 nas quais espacialidade e temporalidade estão ligadas à cultura e ao ambiente no qual as pessoas se formam, e interferindo na sua visão de mundo. Já a introdução de ex-situ reporta a ações de apropriação e pilha de elementos que se sabem pertencer a outro contexto de origem e se deslocam entre espaços.

Por outro lado, a constituição metafórica dada ao uso de certas expressões correntes é pensada para que a partilha de repertórios entre todos os envolvidos seja profícua em desdobramentos semânticos e significativos sobre a memória e a história, entre ciência e arte; e que mais do que panos de fundo, concorrem para que o leitor possa reconstruir o seu mapa de sentidos.

 

1 Com reflexões e outras histórias nas margens lateraes.

2 O tempo e vontade de contacto com as temáticas e conceitos de outra área adopta e pilha a linguagem associada à extração mineira e à ciência para descrever quer processos quer resultados. As couzas pilhadas vertem em publicação para aí serem compreendidas segundo o trânsito de observação, temporal e espacial, levando em conta o seu viés.

3 REY, Sandra (2002). “Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes visuais”. In BRITES, Blanca; TESSLER, Elida (Org.) O meio como ponto zero: metodologia da pesquisa em artes plásticas. Porto Alegre: E. Universidade / UFRGS. p.123-140.

4 Oliveira, L. de. (2013). Sentidos de lugar e de topofilia. Geograficidade, 3(2), 91-93.

5 “Os conceitos cultura e meio ambiente se superpõem, do mesmo modo que os conceitos homem e natureza, constituindo um todo. Para se conhecer a preferência ambiental de uma pessoa, mister é examinar sua herança biológica, sua educação, seu trabalho e seus arredores físicos. A ideia de que cada indivíduo estrutura seu espaço geográfico em torno de si próprio, parece universal. Os seres humanos, individualmente ou em grupo, tendem a estruturar o mundo tendo o self como o centro. Com isso, o mundo se orienta por uma série de valores irradiados da própria pessoa ou de seu grupo” (Oliveira, 2013).