FTMWSIM

Do Alto das Montanhas Podemos Ver Monumentos Invisíveis

Projeto de investigação | FCT/CEEC Individual

Prática Artística, Política e Envolvimento Social
  • Referência
  • 2022.05800.CEECIND
  • Período
  • 01.03.2023 — 28.02.2029

Investigação artística transnacional sobre as mudanças ambientais da paisagem causadas por obras de infraestrutura

O projeto de investigação “Do Alto das Montanhas Podemos Ver Monumentos Invisíveis” pretende abordar os problemas de escala, dimensão e efeitos globais da crise climática através da investigação no campo das Artes Visuais e utilizando práticas artísticas como técnicas gráficas, escultura, instalações e arquivo.

Assim como surgiu um envolvente debate crítico sobre a presença de monumentos de impacto colonial no espaço público e, posteriormente, conceituando esses objetos simbólicos para retomar uma narrativa de poder e memória, esta pesquisa visa refletir sobre os problemas que as construções atuais e futuras irão causar em territórios quando a preservação ambiental não é favorecida em detrimento da produção de riquezas.

Este projeto pretende construir estruturas de visibilidade e comunicação em resposta a outras estruturas complexas denominadas “infrastructure space” que evitam assumir a responsabilidade por prejudicar o meio ambiente.

A peça GRAMMAR (2023) pretende funcionar como índice do projeto, orientando diferentes programas identificados pelos ícones, tornando visíveis narrativas e processos complexos difíceis de se perceber linearmente. Uma estratégia visual que contempla peças arqueológicas como a “Pedra de Palermo” (provavelmente Quinta Dinastia do Egito c. 2392–2283 aC) e o pensamentos ameríndios sul-americanos como Sumak Kawsay e Teko Porã sobre a percepção da natureza e do mundo que habitamos como uma unidade cosmológica.

Este projeto considera que o trabalho organizado pelos movimentos sociais apresenta métodos suficientes para garantir um meio ambiente preservado. Por exemplo, a partir das práticas e estratégias de movimentos sociais e grupos ativistas, analisaremos nos próximos anos, em Portugal, o caso da primeira concessão do Património Agrícola como estratégia de resistência à indústria do lítio e do volfrâmio na região do Alto Tâmega.

Tal como na Bélgica, o projeto pretende acompanhar as atividades do coletivo Ineos Will Fall que procura opor-se às políticas de uma das maiores indústrias de produção de plástico do mundo.

No Brasil, o projeto acompanhará o projeto Ecobarreira, que retira lixo da bacia hidrográfica do Iraí, parte do Aquífero Guarani, o segundo maior do planeta. Além de acompanhar a dinâmica de luta pela reforma agrária e estratégias de produção agrícola sustentável do MST Antonina (Movimento dos Sem Terra de Antonina), em uma perspectiva histórica decolonial dos conflitos locais.

Considera-se também abordar a dinâmica do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outras multitudes organizadas que se cruzam durante o desenvolvimento do projeto, bem como buscar a aproximação e articulação entre os diferentes projetos em desenvolvimento no âmbito do i2ADS. O projeto “Do Topo das Montanhas Podemos Ver Monumentos Invisíveis” visa avaliar e promover o desenvolvimento de uma rede de compartilhamento de conhecimento e de redirecionamento de processos produtivos e econômicos.

Ação ativista do Coletivo Ineos Will Fall, Antuérpia, Bélgica, 2021. As imagens foram feitas durante um protesto contra a indústria do plástico na antiga zona portuária da cidade, em frente ao Museum aan de Stroom (Museu do Córrego), para o projeto de residência artística “Agora é noite / nenhuma luz acima do horizonte”, em colaboração com a Samenschool e o MHKA Museum. Imagens de pesquisa, Orlando Vieira Francisco.

Este projeto foi atribuído no âmbito do Concurso Estímulo ao Emprego Científico Individual – 5ª Edição (CEEC/FCT 5ª Edição) da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal para integrar a plataforma de investigação i2ADS nos próximos anos.

Para contribuir com uma reflexão crítica sobre a atual crise climática em nível ativista e de responsabilidade social, este projeto de pesquisa se propõe a visualizar novos territórios e instigar o imaginário coletivo em direção a possibilidades sustentáveis de convivência, por vezes em territórios de baixa densidade além dos perímetros das cidades. Estas são algumas das expectativas que este projeto de investigação acolhe no sentido de que a produção do espaço responde a aspetos essencialmente sociais e ambientais. Essas expectativas se alinham com as afirmações de que estamos vivendo um período de crise climática e devemos fortalecer outras formas de viver na comunidade.

O diálogo e a socialização fortalecem uma rede de ativismo e denúncia das estruturas extrativistas que não se adaptam à nova agência sustentável planejada para conter a crise climática. Será necessário reconhecer essa “agência” que orienta uma linguagem coletiva por meio do diálogo com movimentos sociais e ativistas, possibilitando assim novos posicionamentos sobre o que significa pensar o espaço público, o patrimônio, fiscalizando os limites dos recursos naturais e o meio rural.

  • Instituições envolvidas
    Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS)

  • Investigador responsável
    Orlando Vieira Francisco