Ana Gouveia

Universidade Federal de Pernambuco

Ana Elisabete de Gouveia (Bete Gouveia), natural de Água Preta, Pernambuco, Brasil, é artista, professora e investigadora. Possui graduação em Educação Artística – Artes Plásticas – pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), curso de aperfeiçoamento em pintura na escola El Estudio (Madrid – 1978), mestrado em Poéticas Visuais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB – 2012), e doutorado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL – 2019), com o apoio da Bolsa CAPES. Desenvolve pesquisas em arte contemporânea, atuando em segmentos que envolvem pintura e filosofia, voltadas para o universo dos infra-minces duchampianos. Iniciou sua jornada artística, em pintura e desenho, a partir do final da década de 1970, tendo recebido cinco prêmios em salões brasileiros, além de ter realizado e participado de diversas exposições individuais e coletivas. Atualmente é professor Adjunto 3 do Departamento de Artes da Universidade Federal de Pernambuco, é líder do Grupo de Pesquisa Heterogeneidades do Sensível: problematizações sobre a pintura na contemporaneidade – CNPq, e desenvolve investigação de Pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (PT). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Pintura e Desenho, atuando principalmente nos seguintes segmentos: Teoria da Pintura, História da Arte e Poéticas Visuais.

 

Síntese da investigação de pós-doutoramento
Trata-se de um projeto em pintura que se propõe a realizar uma produção prática autoral, bem como investigar a noção de “pentimento” em termos teóricos. Uma breve análise sobre o conceito de “pentimento” como um termo voltado ao campo da pintura, nos aponta para o fazer artístico, ou exatamente ao que se refere às marcas deixadas na superfície da pintura, que são consideradas erros pelo próprio artista, e o aproveitamento dessas marcas no âmbito do processo criativo e na obra como resultado final. A palavra pentimento é derivada do italiano pentirsi, que significa arrepender-se, ou mudar de opinião no sentido de alguma transformação feita pelo artista em relação ao direcionamento que estava sendo trilhado durante o processo de pintura. Portanto, o pentimento está diretamente relacionado a uma contrastante mudança de atitude frente ao percurso trilhado pelo artista. Muitos sabem que grande parte dos artistas se utilizam dos pentimentos para encobrir certas estruturas composicionais sob camadas de tinta posteriores com a intenção de não deixar revelar suas indecisões para o observador que aprecia suas obras. Entretanto, alguns artistas lançam mão dos pentimentos de uma maneira peculiar, ou seja, utilizam-se deste procedimento sem encobrir completamente os vestígios das suas indecisões, a exemplo do artista pernambucano Montez Magno, que, em sua obra, quase sempre evidencia seus rumos modificados, em relação ao que foi anteriormente planejado. Neste caso, os pentimentos, em vez de camuflarem supostos “erros”, funcionam como elementos de contribuição na poética artística em suas realizações picturais. Nossa investigação pretende realizar um estudo deste caso, como também visitar obras de outros artistas a partir da noção de pentimento. A princípio temos como âncora teórica o pensamento do filósofo português José Gil em sua abordagem relacionada à natureza da percepção estética junto às micropercepções, bem como nossos estudos anteriores – mestrado e doutoramento – que se debruçaram sobre a noção de infra-mince no universo duchampiano.

Supervisão
Domingos loureiro