A liberdade da escuta é tão necessária como a liberdade da palavra.
Roland Barthes

A música, cuja vida pulsante nos remete para o infinito dos sentidos, toma aqui forma de texto estilhaçado que procura dar nota da contemporaneidade dos sons, celebrando o contrabaixo como instrumento do ainda não esgotado, do infinito.

Recorre o autor, pela sua experiência, a 14 excertos-pirilampos sonoros que constituem uma constelação de imagens advindas da criação artística contemporânea – de Edgar Varèse a Rebecca Saunders – 100 anos que rapidamente se poderão tornar um lugar de apuro e de estudo ideal para uma conversa íntima entre o músico, contrabaixista ou não, e a música que tarda em ser exposta.

Um aviso à navegação: não se trata, nem de um manifesto para acabar de vez com a música para contrabaixo, nem de um manual de instruções. Bem para lá disso, estes Excertos são, sobretudo um diário íntimo da sensibilidade mínima própria de um contrabaixista em busca de um chão comum, ação essa bem capaz de evitar as perdas da experiência que vão vigorando perigosamente nos dias que correm.

Mário Azevedo