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Time-lapse

Em Time-lapse apresenta-se um conjunto de trabalhos dos estudantes finalistas de Artes Plásticas Multimédia da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

  • Edição
  • Miguel Leal
  • Ano
  • 2018
  • isbn | issn
  • 978-989-54111-1-5
Time-lapse

Habituámo-nos a medir o espaço através do tempo que o demoramos a percorrer. No entanto, quanto mais depressa nos movemos no espaço mais pequeno este nos parece. Não se trata apenas de uma questão perceptiva mas de uma transformação radical em que o espaço encolhe por ação do tempo intensivo que nos é trazido pela velocidade.

O nosso quotidiano é também o de uma intensificação do tempo. Uma obsessão pelo tempo parece ter tomado conta da nossa existência, individual e colectiva. Não admira assim que os processos da chamada globalização sejam antes de mais modos de captura do tempo, da produção ao consumo. Diz-se que já não há um tempo dentro e um tempo fora. Todo o tempo parece ter sido capturado pelos dispositivos do consumo, como se já não houvesse como separar o tempo do trabalho e o tempo do ócio, como se todo o tempo tivesse sido consumido nessa voragem.

Neste quadro, as artes do tempo, aquelas que fazem do tempo o seu meio, ganham uma nova importância. Com efeito, ainda que há muito a arte contemporânea tenha sido tomada por uma particular obsessão pelo tempo e sua manipulação, nas artes esta captura faz-se muitas das vezes em contra-ciclo ou mesmo como contra-dispositivo ao consumo capitalista do tempo.

Em Time-lapse apresenta-se um conjunto de trabalhos dos estudantes finalistas de Artes Plásticas Multimédia da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Resultado de um trabalho experimental e ainda em processo, esta exposição oferece-nos um panorama das possibilidades mediais da prática artística, numa abertura que tem caracterizado o ramo Multimédia do curso de Artes Plásticas. O ponto de partida para a exposição foi justamente o dessa obsessão pelo tempo, por esse tempo que nos parece escapar entre os dedos, minuto a minuto, segundo a segundo, instante a instante. Assim, e apesar da diversidade de meios utilizados e das variadas origens geográficas dos participantes, o mais forte denominador comum de Time-lapse será talvez o modo como as propostas apresentadas lidam com o tempo e com os modos de o capturar e manipular, extensiva e intensivamente.

Miguel Leal (i2ADS/FBAUP)